sábado, 30 de janeiro de 2010

[One-shot] Oyasumi Honey

- AH! - Era novamente o grito de Ruki que preenchia o quarto, pela terceira vez na mesma madrugada.
Aquilo estava tornando-se realmente irritante.
Preferia passar a noite em claro a voltar para o maldito pesadelo, que teimava em permanecer em seu inconsciente, não importava quantas vezes acordasse. Porém obrigava si mesmo a voltar a dormir, pois precisava descansar. Teria um live em poucas horas, o primeiro de uma série, da nova turnê de sua banda.
O loiro passara a mão por seus cabelos, frustrado, levantando-se em direção ao banheiro da suíte do hotel onde se hospedava. Não se deu o trabalho de acender as luzes, já era muita sorte não ter acordado seu companheiro de quarto, guitarrista de sua banda e melhor amigo, Uruha. O mesmo que por sua vez dormia tranquilamente, na cama oposta a de Ruki.
Olhara no espelho, assustando-se com a visão na penumbra. Estava acabado, com olheiras fundas e seus olhos eram apenas fendas, mal lhe permitindo ver o castanho escuro e profundo. Os cabelos platinados encontravam-se desordenados, de forma que nem seus tão leais gorros e chapeis dariam jeito.
Lavou seu rosto com água morna, e então pegou um pacote de biscoitos em sua mesa de cabeceira. Talvez se comesse um pouco conseguiria dormir de vez.
Deitara-se em sua cama novamente, comendo um biscoito atrás do outro. Olhara para o ser da cama ao lado, invejando-o em seu sono profundo. Seus olhos, que sabia serem de um tom castanho mais claro, encontravam-se terminantemente fechados, com madeixas cor de mel espalhadas, de forma delicada. Os lábios rosados e bem feitos estavam semi-abertos, de forma a possibilitar sua respiração lenta e ritmada.
Um leve rubor subiu à face de Ruki ao reparar o quão bonito Uruha era, mesmo dormindo. Era de se entender o porque havia proposto que o mesmo adotasse esse nome.
Já fazia algum tempo, percebera que o carinho que sentia pelo amigo havia crescido. A intimidade aumentara, e consigo trouxe uma sensação estranhamente boa. Sentia-se muito feliz com sua presença, porém cada simples olhar o fazia corar, e seus sorrisos criavam borboletas em seu estomago. Queria tê-lo perto sempre, mais perto. Porém sua timidez e orgulho impediam uma sequer palavra de passar por seus lábios.
Parara de comer, olhando pensativo para o loiro, até adormecer novamente.

Encontrava-se deitado em um chão gélido, a escuridão tomando completamente o lugar, que desconhecia. O silêncio era incomodo, não era capaz de sentir sequer um rastro de vida. Levantara-se, assustado, chamando inutilmente por alguém. A única coisa que conseguia enxergar era a si mesmo, em meio a um negror interminável. Não importava onde fosse, o quanto corresse, apenas conseguia sentir era a si mesmo. Porém, o escuro aumentara, por mais impossível que aparentasse, e então o vazio de fora instalara-se em seu peito, sugando-o lentamente para o negror, que mais parecia um vortex, sem destino final. Tentava gritar, mas sua voz já não era ouvida. Suas pálpebras fechavam-se contra sua vontade, e o frio paralisava seus pulmões, até que...
- Ruki.
Uma voz grave e conhecida pronunciara seu nome, e então sentira o calor voltar a seu corpo, através do que parecia ser um outro corpo, maior e inacreditavelmente confortável. Sentia a mobilidade voltar, e o escuro imbatível dissolver-se rapidamente.
- Está melhor?
Abrira os olhos, deparando-se com um rosto de porcelana e olhos castanhos gentis destacando-se na penumbra. Sentia seu rosto ferver ao perceber a presença de Uruha, sentado na cama ao seu lado, a mão quente e macia pousada em seu ombro direito.
- Estava gritando, de novo. - O loiro sorri ao ver a expressão encabulada e surpresa do menor. - Deve ter sido um pesadelo horrível.
- V-você escutou das outras vezes..? - Ruki perguntava, ruborizado, evitando o olhar penetrante de Uruha.
- Sim, uma vez só. - Ele respondera, olhando preocupado. - Foram quantas vezes nessa noite?
- Com essa, 4. - O loiro menor esfregava os olhos, ainda mais inchados. - Desde 1:30.
Olhara no relógio em cima da cabeceira, que batiam 4:45 da madrugada. Faltavam menos de duas horas para que precisassem levantar e Ruki sentia-se pior do que estaria se tivesse passado a noite em claro, como fez na ultima, graças à longa viagem.
- Chegue para o lado. - Uruha pediu, empurrando-o gentilmente. Puxou o edredom branco e deitou-se, cobrindo a si e a Ruki, que o olhava, atônito. - Oyasumi.
Sorriu, deitado de frente para um chocado e ruborizado Ruki, e então fechou os olhos. Percebera o olhar assustado do loiro sobre ele durante alguns minutos, mas logo sentira um pequeno corpo aproximando-se. Passou os braços por seu tronco, aproximando-o mais, envolvendo-o carinhosamente, e então adormeceu.
O Sol atravessava as cortinas, irritando os olhos de Ruki, que os abrira, desistindo de lutar contra a claridade imponente. Via apenas uma camiseta branca, braços quase da mesma cor e longas madeixas cor de mel, que faziam cócegas em seu rosto. Lembrara-se da madrugada passada, dos pesadelos irritantes e horas mal dormidas, até Uruha envolve-lo num quente e confortável abraço.
Sentia-se muito melhor, mal podia acreditar que a poucas horas atrás acordava gritando e suando frio, a exaustão pesando sobre seu corpo como chumbo. Era como se isso tivesse sido a semanas atrás e agora tivesse dormido um dia inteiro.
Sorrira, admirando novamente o rosto calmo e belo de Uruha, dessa vez a tão pouca distancia. Então vê os lábios do mesmo se curvarem em outro sorriso. De repente percebe um pequeno filete castanho, admirando-o sorrir, e afunda o rosto no edredom branco, sentindo-o arder febrilmente.
O loiro solta uma risada rouca, bagunçando os cabelos platinados do menor.
- Ohayo Ruki-kun, que bom que dormiu bem.
Ruki não respondera, apenas olhara fixamente a camiseta branca do loiro, que ainda sorria.
Ambos ouviram batidas fortes na porta do quarto, acompanhadas da voz tensa de Reita chamando-os.
- Uruha, Chibi, estão vivos? Anda, temos meia hora para estar no carro.
- Acho que dormimos demais. - Uruha disse, sentando-se na cama.
Ruki sentou-se em seguida, olhando o relógio. Realmente, estavam muito atrasados.
Levantou-se rapidamente, indo direto ao banheiro enquanto o maior arrumava as coisas na mala, agilmente para seu ritmo.
Tomou banho e vestiu-se num tempo recorde, pois já tinha separado o que precisaria usar. Assim que saiu do banheiro, foi a vez de Uruha, e então logo os dois juntaram-se ao resto da banda, seguindo em direção à casa de shows para um longo dia.
Como previsto, o dia fora realmente cansativo. Ensaios até o fim do dia, e então deram início aos preparos para o live. Todos já estavam vestidos, maquiados e para a surpresa de Ruki, conseguiram dar um jeito em seu cabelo. Podiam escutar os gritos vindos da platéia, já lotada. Reuniram-se desejando sucesso a todos, finalizando com o costumeiro grito e o sentimento de "vamos dar o melhor de nós", não só individualmente, mas como um conjunto, afinal seu trabalho consistia-se nisso, trabalho de equipe.
Entraram no palco, e a multidão, já animada, foi a loucura. Começaram com musicas animadas, Aoi sempre divertido, com suas dancinhas e Ruki usando todo seu potencial de voz, de forma a soar melhor que as próprias musicas gravadas. Reita e Kai em perfeita harmonia e Uruha, que inicialmente aparenta um tanto tenso a cada live, encontrava-se bem animado e um tanto sensual. Ruki controlava-se , evitando o olhar do guitarrista, mas o mesmo aproximara-se, passando o braço pelos ombros do vocalista e depositando um beijo em sua bochecha. Ruki sorrira para ele, deixando escapar um pequeno rubor, que desejava não terem visto. Os fãs, na maioria mulheres, gritaram ainda mais alto, chamando seus nomes e pulando. Uruha não era de fazer essas coisas; Ruki lembrara-se que antes do show o loiro ganhara uma garrafa de vinho italiano, ali estava a resposta.
Devia ter bebido um pouco além da conta. Mas, mesmo no meio do palco, Ruki não deixava de felicitar-se internamente com isso.
Ao final de duas horas, o show termina e, exaustos, os cinco são levados de volta ao hotel, onde passariam a noite para, no dia seguinte, seguir viagem. No carro, Uruha ria alto e falava besteira, enquanto os outros o acompanhavam, rindo e brincando, apesar do cansaço; exceto Kai, que quase desmaiava apos todo live. O moreno dormia ali mesmo, não importava a balburdia que estivesse.
Chegando no hotel todos foram para os respectivos quartos. Reita ajudara Kai a se arrastar até o quarto que dividiam, e Aoi trancara-se no seu, planejando trabalhar em mais musicas antes de dormir. Uruha e Ruki fizeram o mesmo, o maior levando na mão o resto do vinho e uma grande maleta, com os outros presentes dele e do baixinho.
Acabaram por terminar juntos a bebida, que era realmente gostosa. Ruki sentia o efeito vir rapidamente, apesar de ter bebido pouco. Uruha ria da expressão do menor ao matar o ultimo gole da garrafa, tacando-se na cama do maior, sorridente. O quarto encontrava-se iluminado apenas pelos abajures, que davam um ar confortável ao lugar.
- Ruki-kun é tão fraco para bebida - Uruha ria, sentado ao lado do loiro - É divertido ver você com essa cara de bobo.
- Shh, não sou bobo - O pequeno forçou uma expressão emburrada, estragando com uma risada alta. - Uru-kunn.. Tem mais vinho?
- Não, só sake - Uruha riu, mostrando um sorriso malicioso - Mas não vou abrir agora, temos que dormir, se não, ao invés de perder a carona, vamos perder o vôo.
- Ah porra, não quero dormir - Ruki xingou, sentando-se ao lado do loiro, que ria incansavelmente.
- Vamos lá, se não vai ter pesadelos de novo. - O loiro alto levantou-se, virando e inclinando-se de frente para Ruki. - Oyasumi.
Uruha depositou um beijo em sua testa, e então olhou novamente nos olhos cor de café do pequeno, que corara suavemente.
Passou os dedos finos pelo rosto de Ruki, segurando levemente seu queixo, e então aproximou seu rosto, juntando os lábios nos quentes e macios do loiro, demoradamente. Um simples toque de lábios, com gosto doce e leve teor de álcool.
Separou-se novamente, levantando e ameaçando virar-se, demorando-se, porém, no olhar do vocalista. Este, que ao perceber o fim do contato físico, levanta-se, puxando o braço do maior, que pára.
- Não saia mais de perto de mim.- A voz rouca do pequeno pedia, numa declaração indireta - Por favor.
Uruha não disse nada, apenas puxou carinhosamente o braço que Ruki segurava, um pequeno sorriso formando-se em seus lábios. O loiro menor então avança, colando seu corpo no do maior, selando seus lábios nos dele novamente. Uruha passara uma mão novamente pelo rosto do pequeno, dessa vez parando em sua nuca e a puxando para mais pero, aprofundando o beijo, provando o gosto quente da boca de Ruki, que o respondia com intensidade.
Os braços do menor passavam por seu tronco e ombros, puxando-o mais para perto de si, caminhando despercebidamente para trás, enquanto o maior o enlaçava num forte abraço. Sem querer os dois acabam por tropeçar, caindo novamente na cama onde estavam momentos atrás. Ruki ri, sorrindo radiante para o belo homem de pele de porcelana, que o envolvia completamente com seu corpo, prensando-o carinhosamente no colchão macio.
Roupas, lençóis e uma garrafa vazia espalhados pelo chão formavam um rastro, que tinha como destino uma cama de solteiro. Sobre ela, dois corpos nus - cobertos apenas pelo que restava da roupa de cama – abraçados, trocando leves carícias e beijos, naquela madrugada tão calma.
Para Ruki, aquilo era melhor que qualquer boa noite de sono. Estar ali, envolvido pelos braços quentes no homem que tanto mexia consigo, que tanto lhe proporcionava sensações intensas e boas, e pelo qual as borboletas em seu estomago batiam as asas incessantemente, vivas e alegres como nunca.
- Queria que tivesse pesadelos mais vezes. - A voz rouca e grave de Uruha sussurrava em seu ouvido.
- Eu não. - Ruki virara-se, olhando para o loiro, com a cabeça apoiada em seu peito e os dedos brincando com seus lábios. - Significaria que você não está aqui para transforma-los em sonhos.
Uruha sorri radiante, olhando para o teto; Desta vez era ele quem corava.
- Eu.. - Ruki começara, interrompido pelo loiro maior, que selara os lábios nos do pequeno repentinamente.
- ..Te amo. - Uruha completara apos interromper o beijo.
Sorriram um para o outro, as testas coladas, e então beijaram-se novamente. Uruha virou-se, fazendo Ruki rolar para baixo de seu corpo, e então se deitou sobre o pequeno, de forma carinhosa e protetora. Puxara a mão do loiro, beijando-a delicadamente, segurando-a perto de seu rosto, enquanto deitava a cabeça em seu ombro, fechando os olhos.
- Oyasu. - Ruki sussurra de forma melódica, beijando sua cabeça, com o leve aroma e textura macia dos cabelos cor de mel sobre seu rosto, por fim fechando também seus olhos.
~


- Ruki! Uruha! Vamos perder o vôo, faltam 5 minutos! - Reita esmurrava a porta, gritando estressado.
Era dia novamente, o sol batia forte e iluminava o quarto vazio e bagunçado. A porta do banheiro estava trancada e a luz acesa. Pequenas risadas podiam ser escutadas, mas o baixista não era capaz de perceber.
É, o vôo teria que esperar.

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